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Voltar Nordeste: Comércio Exterior do Agronegócio

Este artigo apresenta um resumo do Informe ETENE de julho de 2020 “Nordeste: Comércio Exterior do Agronegócio”(*), o qual  analisa a pauta de exportações e importações dos principais segmentos/produtos do agronegócio no Nordeste e dos nove Estados do Nordeste (Maranhão, Piauí, Ceará, Rio Grande do Norte, Paraíba, Pernambuco, Alagoas, Sergipe e Bahia), relativamente ao ano de 2019.

Agronegócio, do ponto de vista econômico, envolve toda a cadeia produtiva da agropecuária que inclui as atividades agricultura, pecuária, silvicultura, exploração vegetal e pesca e da agroindústria. Compreende as operações que ocorrem antes (produção e distribuição insumos, como fertilizantes, defensivos químicos e equipamentos), dentro (produção na unidade agrícola) e depois (transporte, armazenamento, processamento e comercialização dos produtos até o consumidor final) das porteiras das propriedades rurais.  A relevância do agronegócio na economia brasileira pode ser medida pela participação no total do PIB do País. Em 2019, o PIB do agronegócio representou 21,4% do PIB nacional.

Comércio Exterior do Agronegócio no Brasil e no Nordeste

O saldo da balança comercial do agronegócio brasileiro apresentou superávit de US$ 83.081,7 milhões em 2019 (menor que os US$ 87.129,7 milhões em 2018) (Gráfico 1). As exportações somaram US$ 96.850,6 milhões, registrando queda de 4,3% relativamente a 2018.  Segundo o Ministério da Agricultura, pecuária e Abastecimento-MAPA, tal redução ocorreu em função da queda de 6,9% do índice de preço das exportações do agronegócio brasileiro, em 2019, compensada, em parte, pela elevação de 2,7% no índice de quantum das exportações.

O segmento Complexo de soja (grãos, farelo e óleo de soja) participou com 33,7% das exportações do agronegócio brasileiro em 2019, seguido de Papel e papelão (9,8%) e Cereais, farinhas e preparações à base de cereais (8,3%) (Gráfico 1). Comparativamente a 2018, o segmento Cereais, farinhas e preparações cresceu 70,7%, no período.

Gráfico 1 - Brasil - Participação dos principais setores do agronegócio exportados - 2019 (em %)

Fonte: Elaboração BNB/ETENE, com dados da plataforma AgroStart (MAPA). Dados coletados em 28/05/20).

A peste suína africana que atingiu os rebanhos, principalmente, da China, maior importador do País, reduziu a demanda de soja, mas impulsionou as exportações de carne. Por outro lado, o incremento nas vendas de Cereais, farinhas e preparações foi impulsionado pela safra recorde de milho. China (32,0%), Estados Unidos (7,4%), Argentina (1,2%), Japão (3,4%) e Chile (1,2%) foram os principais países de destino dos produtos do agronegócio brasileiro, em 2019.

Já as principais aquisições brasileiras foram nos segmentos de Cereais, farinhas e preparações à base de cereais (22,0%), Peixes, crustáceos e moluscos (inclusive preparações e conservas) (9,2%) e Papel e celulose (7,5%) que totalizaram 38,7% do total. Os principais países de origem das importações brasileiras do agronegócio, em 2019, foram Argentina (25,0%), Estados Unidos (9,8%), Chile (7,7%), China (7,6%) e Paraguai (5,1%).

Uma análise do comércio exterior do agronegócio brasileiro por regiões mostra que a Região Nordeste ficou em quarto lugar em exportações do agronegócio (7,9% de participação - Gráfico 2), atingindo US$ 7.668,4 milhões (46,3% do total das vendas regionais), valor 10,1% inferior a 2018, e na terceira posição com relação as importações, que totalizaram US$ 2.261,7 milhões (11,2% do total das aquisições externas da Região),  retrocedendo 10,8%, nesse período. O saldo da balança comercial do agronegócio apresentou, portanto, saldo positivo de US$ 5.406,7 milhões, em 2019, contribuindo, de maneira significativa, para minimizar o déficit da balança comercial da Região, que foi de US$ 3.321,0 milhões.

Gráfico 2 - Exportações brasileiras do agronegócio por Região - Em % - 2019

Fonte: Elaboração BNB/Etene, com dados da plataforma AgroStart (MAPA). Dados coletados em 28/05/20).

Os três principais segmentos da pauta exportadora do agronegócio do Nordeste concentraram 70,2% das vendas, em 2019. Os produtos do Complexo soja lideram as exportações do setor com 35,8% de participação. Comparativamente a 2018, a receita decresceu 24,0%, devido à retração da demanda chinesa causada pela peste suína africana, como já mencionado. As exportações de Papel e celulose, com 24,0% de contribuição no total do setor, retrocederam 20,4% no valor exportado, no período em análise, reflexo da retração da economia chinesa e da queda dos preços. Já as vendas externas de Fibras e produtos têxteis representaram 10,4% do total do setor, registrando expressivo crescimento de 50,6%, em 2019 ante 2018. A Bahia foi responsável por 82,4% das exportações do segmento, beneficiada pelo aumento da safra do algodão.

Por outro lado, as importações  mais significativas foram em Cereais, farinhas e preparações à base de cereais (41,3% das aquisições), Açúcar e álcool (17,9%) e Cacau e seus produtos (inclusive chocolate) (6,9%). Entretanto, apresentaram redução dos valores importados: Cereais, farinhas e preparações à base de cereais (-0,1%), Açúcar e álcool (-26,3%) e Cacau e seus produtos (inclusive chocolate) (-14,1%), em 2019 ante 2018.

A análise do comércio exterior dos Estados do Nordeste revela que os Estados da Bahia (51,4%) e do Maranhão (21,9%) concentraram 73,4% das vendas do agronegócio regional. Pelo lado das importações, Maranhão (13,7%), Ceará (15,2%), Pernambuco (28,4%) e Bahia (25,6%) responderam por 82,9% das aquisições regionais. Apenas Pernambuco (-US$ 344,9 milhões) e Paraíba (-US$ 84,0 milhões) apresentaram saldo negativo na balança do agronegócio estadual (Tabela 2).

A análise detalhada sobre os principais segmentos exportados e importados para cada um dos Estados do Nordeste, você confere no estudo completo no Informe Etene.

*O Informe Etene “Nordeste: Comércio Exterior do Agronegócio” é de autoria de Laura Lúcia Ramos Freire, Economista, Mestre em Economia, Especialista em Avaliação Ambiental e funcionária de carreira do Banco do Nordeste, onde atua como Coordenadora de Estudos e Pesquisas na  Célula de Estudos e Pesquisas Macroeconômicas do Escritório Técnico de Estudos Econômicos do Nordeste-Etene.

Fonte: Informe Etene

Publicado originalmente em 21/08/2020.