Semeadura direta do algodão incrementa carbono no solo
Agroinforma
(Extraído do release do Embrapa Acesse aqui o relatório completo).
O dado foi apresentado aos participantes da 70ª reunião ordinária da Câmara Setorial da Cadeia Produtiva do Algodão e Derivados, vinculada ao MAPA, ocorrida na última quarta-feira,1º de março, pelo pesquisador Alexandre Cunha de Barcellos Ferreira, da Embrapa Algodão, que conduz experimentos nessa linha de pesquisa já há cerca de quinze anos em solos argilosos de Goiás e 11 anos em solos mais arenosos na Bahia.
Além disso, os dados da Embrapa indicam ganhos de produtividade do algodão em relação aos sistemas com preparo convencional do solo: “Nossos dados mostram que se pode acrescer entre 10 e cerca de 16 arrobas/ha de fibra nos sistemas de plantio direto. Não revolver o solo é o segredo principal para isso”, afirma Ferreira, que possui resultados sistemáticos de experimentos de campo, estudando sistemas de manejo do solo e de produção de algodão no Cerrado.
O pesquisador explicitou convicção de que os cotonicultores só têm a ganhar ao investirem na adoção de práticas e tecnologias que visam a saúde e a qualidade do solo, garantindo maior segurança produtiva, melhor fertilidade do solo e, naturalmente, maior produção de algodão. O incremento do estoque de carbono no solo também abre outra possibilidade para o agricultor: “Estamos falando sobre créditos de carbono, tema cada vez mais em pauta no Brasil e no Mundo”, ressalta Ferreira.
Ele lembrou que desde o início da década de 70 até a atualidade, a população mundial praticamente dobrou, exigindo, entre outras coisas, mais roupas e alimentos. Para satisfazer essa crescente demanda, foi preciso produzir ao mesmo tempo em que a população urbana brasileira aumentou substancialmente, em detrimento da rural.
Alexandre acha que a agricultura precisa passar a ser entendida como parte da solução e não apenas como o único gerador do problema, relacionado ao aquecimento global. As pesquisas que sua equipe vem conduzindo, por exemplo, visam estudar sistemas agrícolas de produção de algodão que, além de muito produtivos, possam aumentar o estoque de carbono no solo, sendo essa uma estratégia de mitigação dos efeitos do acúmulo de CO2 na atmosfera, que é um gás de efeito estufa.
Segundo o cientista da Embrapa, adubação adequada e a conservação da palhada sobre o solo são estratégias tecnológicas importantes, não somente para a produção agrícola, mas também para estabilizar e reter o carbono no solo, enquanto que o revolvimento do solo pode aumentar significativamente a perda de carbono pela oxidação de matéria orgânica e pela erosão do solo. “A cotonicultura brasileira, por meio de práticas agrícolas de conservação do solo, pode contribuir com as políticas mundiais de produção agrícola com baixa emissão de carbono, concomitante com a obtenção de altas produtividades”, afirma.
Autor: Dalmo Oliveira da Silva.
Fonte: Embrapa