Brasil se torna referência mundial em eficiência agrícola
Agroinforma Etene
Extraído do portal de notícias Presente Rural. A notícia completa pode ser acessada neste link.
Apesar das dificuldades impostas pelo clima tropical e solos naturalmente pobres, o Brasil se consolidou como referência mundial em eficiência agrícola, apoiado em tecnologias adaptadas às suas condições únicas. Solos corrigidos e manejados de forma estratégica, plantio direto, integração lavoura-pecuária-floresta (ILPF), uso de bioinsumos, mapeamento detalhado de solos, zoneamento agrícola de risco climático e agricultura de precisão são alguns dos avanços que tornaram essa trajetória possível.
“Essas soluções não apenas elevam a produtividade, como fortalecem a saúde do solo e sua biodiversidade, tornando os sistemas produtivos mais resilientes. Além disso, práticas adequadas de manejo têm papel central na agenda climática: ajudam a reduzir emissões de gases de efeito estufa e promovem a imobilização de carbono no solo, melhorando suas propriedades físicas, químicas e biológicas”, destaca Marco Antonio Nogueira, pesquisador em Fertilidade e Microbiologia do Solo da Embrapa Soja.
O resultado é um agronegócio capaz de produzir mais com menos, alinhando eficiência econômica à sustentabilidade ambiental, e reforçando o papel do Brasil como protagonista na produção global de alimentos.
Desde a década de 1970, a Embrapa atua no desenvolvimento de tecnologias sustentáveis para aumentar a eficiência da agricultura tropical. Entre os destaques da Embrapa Soja, está a fixação biológica de nitrogênio (FBN), base do cultivo da soja no país. Segundo Nogueira, a partir de pesquisas que selecionaram bactérias altamente eficientes em realizar a FBN, três das quatro cepas hoje autorizadas pelo Ministério da Agricultura e Pecuária (Mapa) para a produção de inoculantes foram obtidas pela Embrapa.
Outros avanços incluem práticas de manejo conservacionista do solo e recuperação de áreas degradadas, como o Sistema Santa Fé, que integra braquiárias a culturas como milho e soja, aumentando a produção de forragem e melhorando as propriedades do solo. A Embrapa também contribuiu com a criação do Zoneamento Agrícola de Risco Climático (Zarc), ferramenta de política agrícola que orienta épocas e locais mais seguros para o cultivo.
O mais recente projeto da instituição é o Programa Soja Baixo Carbono (PSBC), o qual estabelece um protocolo de certificação para produtores que adotam práticas capazes de reduzir as emissões de gases de efeito estufa que podem chegar até 30%. O selo deve estar disponível a partir da safra 2026/2027, por meio de certificadoras licenciadas, e tem como objetivo atender à crescente demanda mundial por soja sustentável, alinhando produtividade, responsabilidade socioambiental e competitividade internacional.
Aumento do uso de insumos biológicos no Brasil
Recentemente, houve um aumento mundial no uso de insumos biológicos na agricultura, com taxas de crescimento anuais na casa de dois dígitos no Brasil. De acordo com Nogueira, pesquisas de âmbito mundial revelam que os produtores brasileiros são os mais dispostos a usar insumos biológicos, provavelmente por já terem experiências com uso de inoculantes e agentes biológicos de controle de pragas como vírus e fungos entomopatogênicos. “Atualmente já são empregados mais insumos biológicos do que químicos para o controle de fitonematoides na cultura da soja, por exemplo. Portanto, tem havido uma transição, ainda que gradual, para tecnologias de menor impacto ambiental à medida que o produtor percebe as suas vantagens e o consumidor exige produtos provenientes de sistemas de produção mais sustentáveis”, compartilha o pesquisador.
Conforme explica, a crescente adoção do Sistema Plantio Direto (SPD) e o uso de insumos biológicos são exemplos de como o produtor brasileiro vem evoluindo na adoção de boas práticas de produção, impulsionado pelo setor privado. Em números, somente em 2024, 206 milhões de doses de inoculantes foram comercializadas, refletindo uma taxa média de crescimento anual de 20% nos últimos cinco anos. “A RTRS contribui nesse cenário por estimular o debate entre os diversos atores da cadeia produtiva sobre a produção responsável, do produtor ao consumidor final. Dessa forma, fomenta o diálogo sobre a produção cada vez mais sustentável e com responsabilidade social e ambiental. No campo da certificação, estimula a cadeia de produção a adotar boas práticas. Tais iniciativas vêm ao encontro de práticas e tecnologias sustentáveis desenvolvidas pela pesquisa nacional”, ressalta Nogueira.
Segundo ele, essas estratégias de transferência de tecnologia, seja pública ou privada, contribuirão cada vez mais para a adoção de tecnologias regenerativas, à medida que o produtor perceba as vantagens para o seu sistema de produção e benefício para toda a sociedade. “É essa contribuição que a agricultura brasileira pode dar à sociedade, além da produção de alimentos, fibras e bioenergia”, salienta.
Autor: Assessoria Mesa Global da Soja Responsável (RTRS).
Fonte: O Presente Rural.