Ceará

A música e os músicos cearenses têm se mostrado atuantes e relevantes no decorrer da história da música brasileira. A produção dos compositores e autores cearenses são de uma riqueza gigante. Tivemos importantes nomes na música erudita como Alberto Nepomuceno (1864-1920) e Eleazar de Carvalho (1912-1996) que levaram com sua música o Ceará para o mundo. E na música popular temos a mesma grandeza. Muitos nomes conhecidos nacionalmente poderiam ser citados aqui para exemplificar a diversidade, a criatividade e a qualidade da música produzida por diversas gerações de músicos cearenses até os dias de hoje. Mas afinal não são só os grandes nomes estampados em cartazes, replicados pelas mídias que compõem o grande manancial criativo e diverso da música produzida no Ceará.

Muitos nomes ficam invisibilizados e inaudíveis para a grande maioria das pessoas. Por trás desse paredão de som, que repete as mesmas oitenta músicas em todos os meios de comunicação, está cravado um modelo curatorial cruel e destruidor de cultura. E por isso é preciso olhar para os lados, mostrar a riqueza da produção musical feita por gente de todos os cantos e recantos desta terra da luz.

As ideologias e vozes populares se fazem necessárias para ganhar importância na expressividade de uma classe que emerge da vontade de ser ouvida. A divulgação do trabalho de artistas periféricos contribui para a democratização da mídia e possibilita que eles expressem suas demandas, culturais e sociais, criando, enfim, um espaço físico, por meio de qualquer dispositivo online, a qualquer hora ou local. Essas questões têm crescido em importância e suas necessidades podem ser atendidas. Além disso, configuram-se em diversos contextos como resistência e garante espaço para que a produção musical independente cresça no mercado.

O Projeto Ecossistema Musical permite ver um “novo” Pessoal do Ceará, uma nova roupagem, novas produções e identificando, ao mesmo tempo, todas as influências advindas de nomes consagrados. Você poderá se permitir a viajar pelas regiões do Estado através da música, conhecendo novos nomes, novas realidades, novos cotidianos retratados, novos jeitos de fazer música. Aqui reunimos apenas uma porcentagem dessa produção, mas saibam que ainda tem muito mais. Se permitam pesquisar o que tem no Ceará.

Ressaltando também a importância dos Centros Culturais do Banco do Nordeste instalados em dois extremos do Ceará, de uma ponta fortalecendo artistas da capital e, da outra, concretizando e formando públicos no sul do Estado. Artistas integrando as playlists já pisaram nos palcos dos CCBNBs e agora ocupam essa rede, esses laços do ecossistema da produção artística cearense. Somos Terra do Sol, do Mar, da Luz e da Música brilhante e de nível elevado, não deixando margem para o inexistente.

Entendemos e enfatizamos a importância da música como meio de expressão e luta diante de uma realidade por muitas vezes conflituosa e divisiva que não só gera injustiças , mas também impulsiona as pessoas a ouvi-la. Ressaltamos também que ao analisarmos a música urbana, regional, periférica, ancestral, como movimento legítimo, enxergamos sua trajetória como um processo fluido e contínuo.

Ceará dos reisados, das cabaçais, dos maracatus, dos estrondos de bacamartes, das batidas secas dos maneiros-paus, do chiado da chinela do pé-de-serra, das lamúrias das carpideiras, das guitarras distorcidas, dos lo-fi caseiros, do rap, do trap, do reggae, do pop, do dub, do lento, do agitado. Ceará de todos os formatos.

Ravena Monte 
Kelly Brown 
Ivan Ferraro 

Kelly Brown

Kelly Brown - Produtora cultural, artista visual da fotografia e social media. Desenvolve trabalhos em parceria com grupos do movimento HIP HOP  no Ceará e Piauí. Colaboradora do projeto "Aldeia Hip Hop" , atuou como produtora no projeto de arte itinerante Circula Ceara, produziu em 2022 o Festival de Musica da Juventude de Fortaleza da Rede Cuca e a Mostra das Artes do Centro Cultural do Bom Jardim, na periferia de Fortaleza. Integrou equipe de produção de diversos festivais importantes do Ceará como Feira da Musica, Maloca Dragão, Encontro Mestres do Mundo, etc. 

Ivan Ferraro

Ivan Ferraro é cearense, músico, produtor cultural, diretor da produtora de eventos, gravadora e editora Midiamix Comunicação Viva, e fundador da PRODISC – Associação dos Produtores de Cultura do Ceará. Idealizador e coordenador da Feira da Música. Atuou como membro do CNPC - Conselho Nacional de Políticas Publicas e da CNIC – Comissão Nacional de Incentivo a Cultura representando a área da música (2010/1012). É consultor do setor de “música e negócios” para alguns estados do nordeste, integrante do Fórum Permanente da Música no Ceará, da Rede Ceará de Música e da Rede Brasil de Festivais. Atualmente está na gerencia executiva do Hub Cultura do Ceará. 

Ravena Monte

Ravena Monte é do Cariri cearense. Produtora cultural, roadie, baixista, produtora técnica de palcos, já atuou em diversos festivais voltados para a Música. Entre 2014 e 2022, produziu 4 edições do Festival barulhinho delas, Festival Maloca Dragão, Mostra Sesc Cariri de Culturas e o Festival Tem Disso Sim e contribui com o selo Mercúrio Música (Fortaleza/CE), que fortalece a cena independente da música no Ceará. Na gestão cultural, foi gerente do Centro Cultural Belchior - a casa de praia da música (Fortaleza/CE) e está coordenadora de produção do Complexo Ambiental Caminhos do Horto (Juazeiro do Norte/CE).