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Voltar A inovação e as ações práticas diante da crise

Por: Demóstenes Moreira de Farias*

Esse texto busca despertar o empresário para a premente necessidade de inovar e sugerir atitudes e ações práticas que criem valor significativo e contribuam para os resultados dos negócios, especialmente em momentos de crise, em que a inovação pode contribuir fortalecer a empresa e para criar diferenciais valiosos. 

Fazem diferença as empresas que ousam explorar a criatividade e o empreendedor brasileiro vem despontando como referência de inovação, seja por necessidade ou por oportunidade. 

A introdução da inovação nas empresas pode se dar por uma questão de sobrevivência (inovação emergencial) ou porque a companhia precisa reagir a uma ameaça do mercado. 

A competição tem assumido, gradativamente, padrões mais elevados, o que a torna cada vez mais acirrada, devido ao foco na superação de fatores tais como custo, qualidade, velocidade e customização. Para elevar o nível de diferenciação e de competição, é necessário buscar novos patamares de produtividade por via da inovação.

A inovação por oportunidade se dá quando a empresa capta as dores dos consumidores e clientes, percebe uma carência de mercado ou necessidade não atendida e assim, desenvolve um novo produto/serviço (inovação radical), criando novas vantagens competitivas e ampliando mercados.

Uma dos mitos vigentes é a de que a inovação seria necessariamente dispendiosa para a empresa. Isso não é, totalmente verdadeiro: se a empresa seguir adequadamente técnicas tais como a prototipação, testes e validação, os custos podem ser controlados.

Especialmente no momento atual, é prudente e eficaz que as empresas iniciem a construção da cultura inovadora por via das inovações incrementais e de implementação mais simples e com ações de melhoria de processos, produtos ou serviços a curto ou médio prazos, redução de custo e aumento de produtividade que possam contribuir de forma expressiva para o retorno financeiro, o que pode trazer um efeito demonstração poderoso.

Há várias oportunidades de inovar, seja por via da melhoria contínua dos produtos e serviços, na logística, na forma de entregar e de se conectar com o cliente, na diversificação dos canais, com destaque para a loja digital (e-commerce) e fazendo a entrega em domicílio (delivery). Além disso, a inovação não tem que ser originada, necessariamente, na própria empresa. A inovação aberta indica a possibilidade da co-criação com clientes e parceiros, da permanente repactuação com os parceiros – os fornecedores em especial – ou na criação de parcerias inusitadas. 

Um bom começo para praticar a inovação é construir o conceito de inovação da própria empresa, quebrar paradigmas, propor a mudança do mindset que ressalte a importância do tema e desenvolver a cultura inovadora, buscar práticas como as descritas a seguir e estabelecer suas metas e indicadores.

Para a implementação da inovação, sugerem-se as seguintes práticas etapas, inspiradas em consultores como Marcelo Nakagawa:

  • Promover encontro de trabalho com a Direção da empresa para a definição da visão e dos conceitos de inovação no âmbito da empresa; 
  • Sensibilizar e mobilizar as equipes da empresa para o tema inovação e o alinhamento dos conceitos; 
  • Aplicar e analisar pesquisa interna para diagnosticar o estado da inovação na empresa; 
  • Aplicar técnicas como o design thinking para a construção das propostas inovadoras para promover melhorias substanciais dos produtos ou serviços; estabelecimento de parceria que agreguem valor; novos canais e novas formas de entregar; e criação de produtos/serviços ou linhas de produtos/serviços para os quais haja demanda ou carência/lacuna no mercado; 
  • A partir das ideias colhidas, aplicar testes e validação; e desenhar ações estratégicas de implementação; 
  • Implementar a inovação proposta; 
  • Aplicar métricas para mensurar as evoluções trazidas pela inovação aos resultados da empresa, tanto quantitativos quanto qualitativos; 
  • Aplicar os ajustes e a correção de rumos cabíveis, à luz dos resultados apresentados na avaliação.

Podem ser agregadas outras ações correlatas, desde que apontem para novas soluções que capturem valor para o cliente final e obtenham valor financeiro para a empresa. 

Não será demais ressaltar que os conceitos de inovação precisam ser reconhecidos e valorizados dentro da empresa. É fundamental que seja definida a figura de um animador (sponsor) que defenda a ideia e anime todo o processo, promova o convencimento de todos os envolvidos e garanta a sua resiliência e longevidade da inovação. Por fim, a inovação precisa ser gerida na linha do tempo, com atenção ao aporte e a gestão de recursos, à propriedade intelectual e a adequada capacitação de pessoas.

*Professor de Vendas, Marketing Estratégico e Estratégia Empresarial. Mestre em Avaliação de Políticas Públicas, MBA em Marketing. Graduado em Administração.