Piauí

As playlists apresentam uma cronologia “memorial e sonora” da produção musical do Piauí ao longo do tempo. A soma de ações, circunstâncias, interculturalidades e representações ocasionaram em diversos produtos, registros musicais e artísticos de nosso estado. Apresentaram em suas expressividades desde um constante remetimento à produção nacional e internacional às necessidades de impressões e sotaques próprios como evidente comportamento emergente da passagem musical do séc. XX para o séc. XXI na música contemporânea brasileira.

Até a segunda metade do século XX os meios necessários de uma média e larga produção de discos, registros fonográficos, assim como as principais gravadoras, sua logística e distribuição estiveram concentrados nos grandes centros urbanos metropolitanos como Rio de Janeiro, Recife e São Paulo. Como parte desses "reflexos" a produção musical discográfica produzida no Piauí deve e pode ser compreendida sob estes e demais fatores locais.

O território musical piauiense soa como a composição para uma musicalidade brasileira, tradicionalmente sem afirmações estéticas contributivas, mas nada vazio em absoluto, fechado ou definitivo, ainda que transpareça “inexpressiva” no contexto de repercussão nacional seu modo criativo esboçou-se com "aproximações" como busca e compreensão de um referencial com influências externas e internas de um regionalismo como saídas e o exercício político de uma poética Latina Americana e do Nordeste, tendo em seu entorno uma tímida articulação regional (Norte e Nordeste). Em contraponto à centralização da indústria da música no eixo sudeste concentrando sua produção, execução e distribuição de seus produtos (desde anos 1950 ao início dos anos 1980).

Nas projeções de uma geração para outra, a transição mais nítida está na elaboração e nas concepções coletivas da linguagem musical "para uma identidade", mais evidentes no final dos anos 1990 e início dos anos 2000. Com as afirmações de "conceitos" sobre tudo dos grupos musicais, no fazer de um repertório popular, a absorção da musicalidade rural e urbana dos brinquedos populares reconectando o interior dos brasis, imprimindo fortemente seus sotaques, assumindo seu papeis representativos como linguagem e como leitura.

A produção musical contemporânea se tornou tão mais participativo nacionalmente, porém sua produtividade é notória a partir das camadas e subcamadas dos mercados existentes fora dos eixos tradicionais já estabelecidos pela indústria da música antes dos meios digitais e web rede.

A elaboração das playlists trouxe questionamentos importantes, pertinentes a diversidade em torno dos gêneros musicais e suas linguagens, um panorama destes atores e seus territórios (concentração / distribuição). Trouxe ainda um esboço dos modos criativos em seus contextos públicos aos quais estão inseridos. E das condições da realização de suas pesquisas, suas propostas, seus trabalhos, gerando trocas, trânsitos, colaborações, demandas diversas, fundamentalmente de forma involuntária ou consciente nas "construções e permanências" de cenários possíveis de uma emancipação cultural.

Adolfo Severo
Savina Alves

Adolfo Severo

Artista de multilinguagens, é natural do Piauí, e atua no campo musical desde 
2002. É graduado em História, professor, compositor, performer, produtor e 
oficineiro com experiência docente em instituições públicas na Educação 
fundamental e Ensino Médio, ONGs, pesquisador nas áreas de Culturas 
Populares, Periféricas, Economia Criativa e Cidadania Cultural.

Savina Alves

Savina é musicista, compositora, produtora musical e cultural da cidade de Parnaíba - PI.
Em atividade desde 2012, Savina participou ativamente de projetos como Negative Green,
Ultrópico Solar, Nevi Lunes, Brisa Carranca, André Oliveira e outros, apresentando uma
versatilidade musical que vai do indie rock ao brega music. Inspirada pela cidade e sua
trajetória, atualmente Savina foca em seu trabalho solo voltado para o tensionamento entre o eu, a tecnologia e o cotidiano