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Voltar Agropecuária: Lácteos

(Extraído de artigo do Caderno Setorial ETENE. O Artigo completo pode ser acessado neste link
 

MUNDO

A produção mundial de lácteos deve ser recorde em 2023 com 710,75 milhões de toneladas, alta de 1,32% em relação a 2022, mantendo a tendência de crescimento também de 5,09% a.a. desde 2019. A motivação é estimada pelo aumento do consumo de lácteos da ordem de 1,28% para 2023 (706,84 milhões de toneladas), de todos os produtos. Contudo, a conjuntura geopolítica reprimiu a demanda global, as exportações decaíram –4,70% em 2022 em relação a 2021. Todavia, para 2023 as expectativas são otimistas em relação a 2022, com aumento na produção global de lácteos +1,32%, nas exportações de +1,70% e no consumo de +1,28%. No contexto global, o conflito Rússia vs Ucrânia trouxe mais altas nos preços do petróleo, dos fertilizantes e dos grãos, com implicação direta nos custos de produção do leite. (1) alta nos preços do petróleo, fertilizantes e grãos; (2) receios de insegurança alimentar: retenção de excedentes de produtos exportáveis e estocagem de produtos lácteos; (3) acirramento da concorrência por insumos; (4) riscos para globalização e regionalização dos mercados; e (5) incertezas sobre a oferta ucraniana de milho no mercado internacional.

 

BRASIL

O Brasil é tradicional importador de lácteos, com o total das transações comerciais em torno de US$ 702 milhões. Em volume, foram importadas cerca de 161,22 mil toneladas de lácteos. Na produção interna, a oferta de leite caiu -6,85% entre o 1T2023 e o 4T2022, de acordo com dados da PTL - Pesquisa Trimestral do Leite (IBGE, 2023), justificada pela redução em praticamente todas as regiões, Sul (-8,37%) e Sudeste (-7,08%), maiores produtoras; Centro-Oeste (-7,53%) e Norte (-2,98%), com exceção do Nordeste, onde a produção cresceu 1,21%.
Na comparação entre o 1T2023 e o 1T2022, a produção no Brasil caiu -1,19%, porém no Sul cresceu +0,79% e no Nordeste +2,10%. Segundo dados da PTL (IBGE, 2023), o País chega no 1T2023 com 1.727 informantes, bem aproximada do início da série em 1997 (1.759 informantes), porém a produção aumentou de 2,65 para 5,87 bilhões de litros, sendo que no 4T2022 a produção chegou a 6,10 bilhões de litros. Em setembro de 2022, o preço pago ao produtor atingiu R$ 2,90/litro, com recuos de 2,78 e 2,73 R$/L, nos meses subsequentes (valores nominais). Ademais, em maio de 2023, o preço médio do leite cru captado por laticínios registrou a primeira queda desde dezembro/22, chegando a R$ 2,72/L, na “Média Brasil” líquida, de acordo com estudos do Cepea (julho, 2023). A tendência esperada é de redução em torno de 5% no preço do leite captado em junho, com queda dos preços ao produtor a patamares menores que os observados em período equivalente do ano passado. Apesar da redução, os preços do leite tem sido os melhores da série mensal em relação a 2022. A pesquisa do Cepea mostra que, em junho, o Custo Operacional Efetivo (COE) da pecuária leiteira caiu 1,7% na “Média Brasil”. Esse contexto acaba por incentivar investimentos na produção, o que pode auxiliar na recuperação da oferta de leite na entressafra. Já a inflação doméstica dos lácteos recuou no Brasil na série dos últimos doze meses, motivada pela queda do consumo das famílias. Comparativamente, o preço do leite fluido no Brasil foi pressionado em maio de 2023 e segue com tendência de queda.

 

NORDESTE

O Nordeste cresceu nas transações comerciais de lácteos 73,25% (US$) e 54,73% (Kg), considerando o acumulado de janeiro a julho de 2022 e 2023, especialmente em função da desvalorização US$/R$, com queda das exportações e crescimento das importações. De janeiro a julho de 2023, com US$361,08 mil em exportações e US$ 38,36 milhões com importações, o déficit da balança comercial de lácteos foi de cerca de US$ 38 milhões. A magnitude das importações em volume é da ordem de 69 vezes superior as exportações (Figura 1).
              Figura 1 – Desempenho do comércio exterior de lácteos do Nordeste de janeiro de 2022 a julho de 2023

  

O principal produto de importação de lácteos pelo Nordeste é o queijo 65,14% (US$ 24,99 milhões), 55,69% (5,42 mil toneladas) e valor médio de US$ 4,61/kg. Em relação ao destino e à origem do comércio exterior nordestino de lácteos, a concentração é um dos desafios importantes, principalmente as importações da Argentina 76,94% (US$) e Paraguai 17,41% (US$). O cerrado nordestino, que abrange áreas do Bahia, Maranhão e Piauí (MATOPIBA), com elevada produtividade, entre estes, o Maranhão que detém apenas 1% de zona semiárida; é um estado com boas perspectivas de crescimento da bovinocultura leiteira, o que vem ocorrendo especialmente nas mesorregiões Sul e Oeste Maranhense.
 

Autor: SOARES, Kamilla Ribas; XIMENES, Luciano Feijão

Fonte: Caderno Setorial Etene