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Voltar O biocarvão de fonte de energia limpa promove o crescimento das plantas e reduz a severidade da murcha de Fusarium no tomate

(Extraído do release do Embrapa Acesse aqui o relatório completo).

O pesquisador da Embrapa Meio Ambiente, Cristiano Andrade, afirma que o uso do biocarvão é uma alternativa para mitigar as emissões antrópicas de gases de efeito estufa, que incluem os do setor agrícola, responsáveis ​​por cerca de 30% das emissões nacionais. O seu potencial para mitigar as emissões reside no sequestro do dióxido de carbono que as plantas exalam nos campos através da fotossíntese durante o seu desenvolvimento, e na sua posterior estabilização em carvão quando a biomassa é pirolisada a altas temperaturas (normalmente entre 350ºC e 750ºC), na ausência ou baixa concentração de oxigênio. Uma vez aplicado o material no solo, ele é muito estável e permanecerá nos sistemas por séculos, promovendo melhorias relacionadas à fertilidade do solo, física e microbiologia.

No Brasil, maior produtor mundial de carvão vegetal, os finos de carvão são gerados em grandes quantidades devido à sua alta fragmentação durante seus processos de fabricação, manuseio e transporte. Assim, a produção de carvão vegetal gera cerca de 25% a 30% dos finos e apenas 20% são reaproveitados na indústria de ferro-gusa. 

Embora outros tipos de biomassa de origem animal ou vegetal também possam ser utilizados para a produção de biocarvão, o fato de já haver finos de carvão vegetal é uma vantagem, pois seu valor para o setor siderúrgico é relativamente baixo e há possibilidade de aplicação direta em solo ou na composição de fertilizantes organominerais. 

Segundo Lucas Silva, autor do estudo e bolsista da Embrapa Meio Ambiente, a severidade da murcha de Fusarium e a atividade microbiana no solo foram inversamente proporcionais às concentrações de biocarvão incorporadas ao solo. À medida que as concentrações foram aumentadas, não apenas a massa fresca e seca da raiz e da parte aérea cresceu, mas também o diâmetro do caule. Além disso, houve efeito na redução da germinação de Fusarium microconidia. 

“A redução na severidade da murcha de Fusarium do tomateiro com concentrações crescentes de biochar no solo pode ser explicada pela indução de resistência sistêmica. Na literatura científica, há relatos de que a adição de biochar induz resistência ao mofo cinzento e ao oídio tanto em pimentão quanto em tomateiro”, afirma Silva. 

Autor: Cristina Tordin.

Fonte: Embrapa