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Voltar Pesquisa desenvolve o primeiro porta-enxerto de goiabeira resistente ao nematoide-das-galhas

(Extraído do release do Embrapa Acesse aqui o relatório completo).

O porta-enxerto foi gerado após dez anos de pesquisas, que envolveram a seleção e a avaliação de centenas de genótipos de goiabeiras e araçazeiros (planta silvestre da mesma família das goiabeiras), coletados por todo o País, bem como o trabalho de cruzamento de plantas e melhoramento genético.

A cultivar BRS Guaraçá, híbrido resultante desse cruzamento, possui alta resistência ao nematoide-das-galhas e compatibilidade com grande parte das variedades comerciais de goiabeira, tais como a Paluma, Suprema, Pedro Sato, Rica, Século XXI e as do grupo Cortibel. Os estudos foram conduzidos pelos pesquisadores Carlos Antonio Fernandes Santos, José Mauro da Cunha e Castro e José Egídio Flori, da Embrapa.

 

 Os resultados em campo mostraram que a tecnologia apresenta bom pegamento do enxerto e desenvolvimento de copa, além de produção em torno de 40 toneladas de frutas por hectare, em colheitas realizadas 30 meses após o transplantio, explica Santos. Com o porta-enxerto, é possível o manejo da produção em áreas até então infestadas pelo nematoide, viabilizando novamente a exploração da cultura nesses locais. A difusão da tecnologia junto aos produtores pode ajudar o Brasil a retornar a condição de grande produtor mundial de goiaba, contornando o impacto que o nematoide-das-galhas causou à produção nacional da fruta.

Impacto do nematoide para a cultura da goiaba

A goiaba ocupa a 11ª posição como fruta de maior importância econômica no Brasil, com valor de produção de quase 800 milhões de reais, em 2018. (IBGE, 2020). Os estados de Pernambuco, São Paulo, Paraná, Bahia, Minas Gerais e Ceará, respectivamente, são os maiores produtores da fruta. Os primeiros cultivos comerciais no país se iniciaram na década 70, com forte crescimento ao longo dos anos. Em 2002, no entanto, registou-se uma grande queda produtiva. Esse marco coincide com o primeiro relato, ocorrido em 2001, relacionado à presença do nematoide-das-galhas em goiabeiras irrigadas nos estados de Pernambuco e da Bahia. Nos anos subsequentes, o nematoide foi detectado em outros 18 estados, tornando-se um dos principais desafios da cultura no Brasil. Responsável por prejuízos superiores a 400 milhões de reais nos últimos anos, o nematoide é amplamente disseminado em território nacional, sendo registrado atualmente em todos os estados onde se produz goiaba. No exterior, existem relatos na Índia e México. Além da goiabeira, ele ataca várias outras culturas como fumo, pimentão e quiabeiro. Como o próprio nome diz, o nematoide-das-galhas leva ao engrossamento das raízes e formação de galhas, que perturbam a fisiologia da planta e, no caso da goiabeira, levam a morte da planta em um período relativamente curto, explica Castro. Atualmente o porta-enxerto BRS Guaraçá se apresenta como a única opção viável para o controle do nematoide-das-galhas em goiabeira no Brasil. Os métodos de controle biológico, manejo integrado e aplicação de inseticidas possuem resultados limitados ou ineficientes para controle desse patógeno, ressalta Santos. É importante destacar, no entanto, que o porta-enxerto não é imune, mas tem altíssima resistência ao nematoide. “O sistema radicular do BRS Guaraçá não é isento da formação de galhas, mas, quando isso acontece, elas são formadas em número muito menor, que não chega a comprometer a produção”, completa Castro.

Autores: Clarice Rocha; Fernanda Birolo.

Fonte: Embrapa