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Voltar Pesquisa viabiliza a produção sustentável no Semiárido brasileiro

(Extraído de artigo da Embrapa. O Artigo completo pode ser acessado neste link)

Esse panorama da exportação nacional de frutas é representado, basicamente, por aquelas produzidas em condições tropicais irrigadas, em particular no Semiárido. Conhecimento e tecnologia gerados pela pesquisa agropecuária, mais especificamente pela Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa), que completa 50 anos no dia 26 de abril, voltados à realidade do bioma, foram fundamentais para essa posição de liderança assumida na fruticultura. As pesquisas e tecnologias geradas na instituição viabilizaram o desenvolvimento do maior polo de fruticultura irrigada do País, no Submédio do Vale do São Francisco, responsável pela exportação de 91% da manga e 98% da uva produzida no Brasil. A ciência mostrou que, com técnicas de plantio, manejo e irrigação, é possível produzir no Semiárido em todas as épocas do ano e exportar frutas tropicais de qualidade para o mundo inteiro.

Um outro olhar para o bioma

Instalada no coração do sertão nordestino, na cidade de Petrolina-PE, a Embrapa Semiárido vem executando, ao longo de sua história, um amplo programa de pesquisa e inovação para o desenvolvimento sustentável das áreas semiáridas do Brasil. A região abrange 12% do território nacional e engloba municípios em todos os estados do Nordeste, parte de Minas Gerais e do Espírito Santo. 

O centro de pesquisa tem sido protagonista em projetos e ações que diversificaram as possibilidades produtivas, ajudando a superar a visão de combate à seca e firmar a de convivência com o Semiárido. Essa mudança de percepção foi decisiva e orientou muitas das ações governamentais, sendo até hoje base para a construção de políticas públicas, como ressaltado por Maria Auxiliadora Coêlho, chefe-geral da Instituição. No momento de sua criação, nos anos 1970, o panorama vigente no Semiárido era de deficiência de conhecimentos tecnológicos e de infraestrutura, principal entrave para o desenvolvimento da agropecuária regional. À época, a principal solução para o enfrentamento dos problemas relacionados a irregularidades das chuvas era a distribuição de água por meio de carros-pipa. Nesse cenário, o centro de pesquisa atuou de modo a transformar as adversidades em diferencial produtivo. O desenvolvimento tecnológico foi decisivo no fortalecimento dos sistemas produtivos nas áreas dependentes de chuvas. Para essas localidades, a Unidade lançou cultivares tolerantes ao déficit hídrico e às altas temperaturas; promoveu tecnologias para o aproveitamento das águas pluviais; desenvolveu sistemas de produção integrados, associando o potencial forrageiro das espécies nativas e adaptadas à atividade pecuária; estudou e disponibilizou formas para exploração sustentável da biodiversidade da Caatinga, apresentou e difundiu práticas de manejo para a produção animal, em especial a caprinovinocultura.

Estratégias de inovação

 

Em 50 anos de história, a Embrapa apresentou o grande potencial agrícola, econômico e ambiental do Semiárido, contribuindo com a melhoria de vida de milhares de famílias da zona rural do sertão. Contudo, os desafios ainda são muitos diante da heterogeneidade da Caatinga. Nessa perspectiva, a atual agenda de pesquisa tem buscado promover a sustentabilidade da produção para as próximas décadas por meio de estratégias de inovação e da construção de novos arranjos institucionais. A Unidade concentra suas pesquisas em três grandes áreas: agropecuária dependente de chuva, agricultura irrigada e recursos naturais. As ações contemplam uma diversidade de temas, com destaque para a mangicultura (cultura da mangueira), olericultura, produção animal, recursos naturais, vitivinicultura, convivência com o Semiárido e diversificação de cultivos. 

Agricultura Irrigada

Entre as tecnologias mais marcantes desenvolvidas pelo Centro estão as recomendações e estratégias de aplicação de reguladores vegetais na cultura da mangueira, que tornou possível a floração e, consequentemente, a produção em qualquer época do ano. É uma das principais vantagens competitivas da região, com a possibilidade de planejar colheitas para épocas de preços favoráveis no mercado.

Autor: Clarice Rocha

Fonte: Embrapa